A convite de líder indígena da etnia Kamaiura, membros da ATINI assistiram à cerimônia do Kuarup – o mais importante ritual praticado pelos povos indígenas do Alto Xingu. Foram dias de intenso contato com os costumes e a cultura xinguana.
A ATINI recebeu ainda o pedido de ajuda de pais e parentes de crianças indígenas em risco, e ouviu histórias de outras que, infelizmente não tiveram a chance de ser salvas. Um dos depoimentos mais comoventes foi de Paltu Kamaiura. Ele contou com muita tristeza, e com a voz embargada, o drama pelo qual tem passado…. O bebê que ele carrega nos braços tinha um irmão gêmeo, que infelizmente teve que ser enterrado vivo, devido a questões culturais. Quando Paltu soube que eram dois bebês, entrou em desespero e lutou para que pelo menos um deles fosse poupado. Foi o que aconteceu, mas até hoje ele não consegue se esquecer do outro filho, que foi enterrado vivo. Disse que ele e a esposa amam o filho sobrevivente, mas que toda vez que olham para ele se lembram do triste destino de seu irmãozinho.
Paltu gravou um depoimento contando toda essa história e pedindo ajuda externa para que os Kamaiura consigam resolver esse problema. Ele disse que hoje os jovens Kamaiura não querem mais enterrar seus bebês, mas que precisam de ajuda de fora. Disse que se soubesse que os bebês eram gêmeos, teria saído da aldeia para preservar a vida deles, e que ficaria morando fora da aldeia o tempo que fosse necessário. Ele disse que a mentalidade do povo está mudando, mas que é muito difícil enfrentar o preconceito e manter vivas crianças indesejadas. Por isso eles precisam de ajuda. Paltu disse que hoje em dia, uma das preocupações dos Kamayurá é o crescimento populacional. Eles querem crescer para se fortalecer, e não faz mais sentido enterrar crianças.
A equipe da ATINI anotou tudo e já está pensando em abrir uma casa para abrigar gestantes xinguanas que estejam grávidas de gêmeos. Você pode contribuir com essa causa, entrando em contato conosco e enviando suas doações para a ATINI.