Líderes indígenas da tribo Sanumá, subgrupo dos yanomami de Roraima, estão promovendo uma verdadeira campanha humanitária nas aldeias. Depois de assistir o documentário HAKANI (www.hakani.org ) num encontro indígena em Manaus, passaram a ser militantes apaixonados do direito à vida das crianças indígenas.
Os líderes organizam encontros e distribuem cópias do filme entre os novos “agentes de mudança”. Dali eles saem, de aldeia em aldeia exibindo o documentário e conclamando o povo a abandonar a prática do infanticídio. Veja na foto abaixo uma destas reuniões, onde os líderes exibem orgulhosos as cópias do documentário e o equipamento usado para a projeção do filme nas aldeias. O impacto positivo causado por esta campanha está sendo surpreendente e as projeções já estão cruzando as fronteiras, alcançando até as aldeias da Venezuela.
Os Sanumá criaram até uma inovação nas exibições do documentário. A medida que o filme vai passando, um sanumá vai narrando a história e explicando aos ouvintes cada detalhe do que está acontecendo. Assim a mensagem fica ainda mais clara e envolvente e a platéia acompanha o desenrolar da história com gritos, palmas e outras demonstrações de apoio ao narrador.
A prática do infanticídio entre os yanomami tem sido fartamente documentada no decorrer dos anos. Segundo a revista Problemas Brasileiros, do SESC, 96 crianças indígenas foram enterradas vivas ou sufocadas com folhas por suas mães em Roraima no ano de 2004. Em 2003 foram 68 casos. De acordo com os profissionais de saúde que atuam nas áreas indígenas de Roraima, o infanticídio é a principal causa da mortalidade infantil. Algumas profissionais chegam a estimar que, para cada 5 crianças yanomami que morrem antes de completar 1 ano, 4 seriam casos de infanticídio.
A prática não é percebida como crime pelos yanomami, que encontram em sua visão de mundo diversas justificativas para o ato. Para entender as causas da prática do infanticídio nas tribos indígenas brasileiras, clique aqui.
A ATINI parabeniza a iniciativa dos líderes do povo Sanumá, que se apropriaram da mensagem de vida do documentário HAKANI e se tornaram verdadeiros agentes de transformação social nas longínquas florestas e montanhas de Roraima.