“Eu tenho muitos parentes por este Brasil afora. Segundo o IBGE, nós já somos mais de 800 mil índios. Somos 220 povos indígenas diferentes. Nossa diversidade cultural forma um rico mosaico de cores e formas, como esta pintura bonita que eu uso.
Mas nessa conta tá faltando uma coisa. Tá faltando falar da imensa taxa de mortalidade infantil nas aldeias indígenas. No Vale do Javari, a média chega a cem mortes para cada mil crianças nascidas vivas. Cinco vezes maior que a média nacional.
A maioria destas mortes poderia ser evitada. As desculpas são sempre as mesmas. Faltou carro, faltou combustível, faltou barco, faltou enfermeiro, faltou remédio…
São muitas mortes. Centenas de vozes fracas que se calaram – em redes rasgadas, em aldeias famintas, em lugares esquecidos… Vozes silenciadas em terras hoje sem caça, sem água, sem remédio. Brasileiros sem informação, sem dignidade, sem respeito. Até quando o primeiro choro de um bebê recém-nascido vai ser também o seu último choro? Até quando vamos ter que gritar, no meio da escuridão:
“Ajuda Tupã, nasceu mais um curumim! Corre porque o choro deste curumim pode não durar muito.”
Meu nome é Rute, eu sou brasileira, eu sou Apurinã. E eu me importo!” . Se você também se importa, assine esta petição: